Hora errada


O bar já estava começando a rodar, tudo que minha amiga falava parecia não fazer sentido, o quinto copo de Martini estava pela metade. Era mais uma noite de sábado comum, no mesmo bar comum e com as mesmas pessoas comuns.

A única incomum era eu, não conseguia entender o motivo de tantas pessoas se reunirem em um lugar para terem uma conversa de cinco frases e depois ficarem se esfregando em seus carros ou em algum canto escuro no bar.

Eu vestia meu vestido vermelho curtinho e usava sapatos pretos de salto altíssimo, modéstia aparte, eu estava arrasando, o que era um desperdício, pois só haviam babacas naquele local.

Olhei para a porta e vi um rosto familiar, mas não dei muita importância, após alguns segundos olhei novamente... Era ele, era o cara mais idiota de toda cidade, entretanto, era o cara mais encantador de toda cidade, ao menos para mim.

Senti o coração saltando pela boca, fazia alguns meses desde a última recaída que tivemos, ele estava sorrindo como sempre, esta cidade pequena sempre foi suficiente para suas poucas ambições, bem diferente de mim, talvez por isso que nosso romance não deu certo.

O sorriso dele misturado a falta de auto-controle que a bebida proporcionava fez com que eu focasse nele e não conseguisse parar de olhar.

- Você poderia ao menos disfarçar.

- Hã? Do que você está falando?

- Nada, nada.

Ele estava aqui, o único homem que fazia sentido para mim, o único que partiu meu coração, o único por quem chorei noites e noites e o único que amo.

Ele sempre disse que eu era a pessoa certa na hora errada, mas não acredito que isso exista, se sou a pessoa certa, então qualquer hora seria certa, se sou a errada, jamais daria certo, como não deu. Seus olhos me atingiram, e meu estomago parecia que iria revirar, ele começou a caminhar em minha direção.

Tentei mentalizar a promessa que havia feito para mim mesma “Nada de recaídas”. Ele andava graciosamente, puxou uma cadeira e se sentou a meu lado. Minha amiga saiu de fininho e foi para outra mesa desocupada. O bar ainda girava e ele me olhava fixamente. Suas mãos pegaram as minhas e sua boca encostou no meu ouvido.

- Vem comigo.

Nessa hora eu sabia que iria me render, levantei e fui. Ele me levou para fora, me encostou em uma parede, primeiro beijou meu queixo, após isso beijou meu pescoço e por último me apertou forte e encostou seus lábios nos meus ardentemente. Meu mundo girava e girava, me sentia no céu, foi quando seus lábios cessaram que pude voltar ao inferno que era minha vida comum.

- Você ainda é única, a única em meu coração... Agente se vê por ai.

Ele me beijou rapidamente e se foi.

Lá estava eu, sozinha, bêbada e com o coração em pedaços novamente, não conseguia entender porque não conseguia resistir a ele, como poderia ser tão fraca, ele já dera inúmeras provas de que não era confiável.

Talvez eu fosse a pessoa certa na hora errada para ele, mas ele foi a pessoa errada na hora certa para mim.



Estava um pouco sem tempo para postar por aqui, mas consegui um tempinho, espero que gostem.

Beijinhos.