A Casa de Bonecas


Aquela casa de bonecas, era lá que ela vivia, ninguém a alcançava, ela só saia quando bem entendia, ou seja, quase nunca, pois o mundo lá fora lhe dava arrepios.
Ela não era mais uma criança, mas também não era mulher, estava em fase de transição se é que me entende, o medo do escuro havia sido substituído pelo medo de coisas palpáveis, e era lá, naquela casa de bonecas de teto cor de rosa que ela se escondia. A porta da casinha vivia trancada, por mais que batessem na porta ela não recebia visitas, isso seria contra as regras.
Em um dia de primavera, um jovem se aproximou da casa e observou com seus grandes olhos o que se passava em seu interior, lá ele pode ver uma pequena moça que mais parecia uma boneca de porcelana, ele chamou, bateu, gritou, mas ninguém atendia a pequenina porta, então ele passou a ir todos os dias observar a menina pela janelinha e a cada dia que se passava ele ficava mais e mais fascinado.
No começo a menina ficou assustada, pois ninguém passara tanto tempo a observando, a maioria das pessoas observava um pouco e logo perdia o interesse, mas o rapaz de grandes olhos não, ele sempre estava ali. As vezes ela o observava também, imaginando como seria se ela abrisse a porta, mas o medo do mundo logo vinha. Essa rotina durou algumas semanas, até que um dia ela decidiu abrir a porta e convida-lo a entrar.
- Moço dos olhos grandes, vejo que todos os dias fica observando minha casa e não entendo seus motivos, sei que as pessoas tem curiosidade sobre minha casa, mas sua persistência em me observar chamou-me a atenção. Gostaria de entrar e matar sua curiosidade sobre a casa de bonecas?
O jovem parecia surpreso e maravilhado.
- Pequena menina de pele de porcelana acho que você se equivocou em suas conclusões, é claro que eu adoraria entrar e conhecer a casa de bonecas, mas eu a observo todos os dias por outro motivo e não acho que eu consiga entrar na casa, pois sou muito grande.
A pequena garota pensou e pensou, qual outro motivo haveria para ele ir todos os dias observa-la se não a casa e estava bem obvio que ele jamais conseguiria entrar na casa.
- Ao invés de eu entrar na casa a senhorita poderia sair, o que me diz?
O medo do desconhecido era grande, mas ela sempre teve curiosidade sobre o mundo e aqueles grandes olhos pareciam confiáveis, então ela aceitou o convite.
O jovem de olhos grandes estendeu a mão e a menina subiu nela, ele a levou para conhecer o mar, mostrou as colinas cheias de grama e ela pode ver mais de perto tudo aquilo que só via pela janela da casa de bonecas.
Os passeios se tornaram diários e a cada dia ela conhecia algo novo, mas o que ela não percebia era que ela estava conhecendo aquilo que chamamos de amor, ela queria que o jovem entrasse em sua casa de bonecas e conhecesse todo seu mundo, mas ele era grande demais para entrar lá.
Ele com seus grandes olhos que já haviam visto muita coisa nesse mundo se apaixonou pela pequena e inocente menina, que do mundo só conhecia o que ele havia lhe mostrado, mas ele sabia que esse inocente amor não daria certo, ele era grande demais para entrar na casa de bonecas e ela muito pequena e frágil para o mundo lá fora.
Onde eles poderiam viver?

No final da primavera ele a deixou na casa de bonecas e disse seu ultimo adeus, a pequena garota que pouca coisa conhecia do mundo conheceu o gosto amargo do abandono, ela se trancou na casa de telhado rosa e se recordou de tudo que havia conhecido com o jovem de olhos grandes por todo o verão.
Quando o outono chegou aquela garota que no inicio não era nem criança nem mulher já havia se transformado em uma forte e linda mulher que não queria mais saber de ficar trancada em uma casa de bonecas, assim que ela colocou os pés para fora da pequenina casa como um passe de mágica ela cresceu e percebeu que nunca mais poderia entrar na casa de bonecas, isso doeu um pouco nela, mas a satisfação de encontrar o jovem de olhos grandes apagou toda essa dor e hoje eles vivem felizes, não felizes para sempre, mas felizes em boa parte do tempo.




Mais um conto feito com muito carinho para vocês!


Mil beijos açucarados, até a próxima!!!

15 comentários:

Essebudega disse...

a realidade muda com o nosso foco. Você é do tamanho do seu mundo e o seu mundo é do tamanho que você quer. O conhecimento nos afasta da felicidade dos ignorantes e nos conduz à calmaria da plenitude. Bom texto, acontece muito. * * *

Robson Oliveira disse...

Opa! Li esse tbm ...

Robson Oliveira disse...

Go Mô Go...

Continua escrevendo
Que eu continuo lendo
mesmo não entendendo...

Mari Toretti disse...

ahhhhh mô
q bonitinhu
mto lindinha a sua história
eu jah estava imaginando um monte de tragedias com a menininha no meio da história
mas ainda bem q vc deu um final feliz pra ela
bjão

Abiezer disse...

Só um "UAU" serve?

Natalinha disse...

gosteiii...

beim interessante...xD

oia ki dessa veiz num to neim comentandu obrigada hein...

kkkkk

bjuuu

Tassi Alves disse...

Nhaa q fofoo ... continua escrevendooo continuaa

Unknown disse...

Apesar de tudo só conseguir me ater a um fato:
Como os ignorantes são facilmente manipulados!
Ela não conhecia o mundo lá fora, então ele mostrou o que ele quis. Isso não é ver o mundo, isso é mostrar apenas o que vc deseja para o outro, é dirigir a visão da pessoa para o que vc quer que ela veja.
O Justo não dá a resposta, mas sim as ferramentas para que vc experimente e a descubra sozinho

beijos

RJ disse...

nesse mundo onde tudo é meio falso e quase nada termina no felizes para sempre.. sua historia trouxe um momento nostálgico... e as metaforas usadas no texto alem de encantadoras serviram direitinho para encaixar o clima principal da historia: o medo do desconhecido nos priva de experimentar o sentimento de liberdade.. que é tão bom!
parabens de vdd! abraços pr ti

Fidalgo disse...

otro conto q eh a sua cara..hehe! estilo o fantastico mundo de monica..hehe!

Unknown disse...

Good Mô..xDD

José disse...

acho que te todos os blogs que leio, tu foi a primeira a escrever que eles não seriam felizes para sempre, nossa que legal isso, tu fez como eu *-* acredita em um meio termo,
belo conto
seguir?

:*

Lucas Vallim disse...

Esse conto está repleto de segundos sentidos!! O vejo como uma história pra crianças, de certo modo, mas ao mesmo tempo tem um bocado de coisas maduras aí... O abandono repentino da infância, a dor de um amor, etc...

Gostei muito, moça!

obs: Já estou escrevendo um livro de contos...talvez eu termine daqui uns 3 meses, dependendo da minha inspiração! rsrs...

Já te adicionei lá, na minha lista de blogs...

Até mais!

Fidalgo disse...

postaa!

ALEX disse...

Belo conto este Mô!
Estou aqui no aguardo dos próximos!!!

Beijão!